O contraceptivo não é abortivo e pode ser solicitado sem consulta ou receita por qualquer pessoa que tenha feito sexo sem proteção
A adoção de métodos contraceptivos é essencial para o planejamento familiar. Para fazer uso deles, é importante que a melhor opção seja estudada, de forma preventiva e com a ajuda do médico ou profissional de saúde, levando em consideração o contexto de vida, o quadro geral de saúde e o desejo da pessoa.
Mas também existem situações em que a anticoncepção de emergência – AE, mais conhecida como “pílula do dia seguinte”, é necessária. “A pílula do dia seguinte se diferencia de outros métodos anticoncepcionais por ser utilizada depois que a relação sexual já aconteceu, devendo ser um recurso de exceção e não de rotina”, esclarece Ana Clara Polkowski, cofundadora do Instituto Planejamento Familiar – IPFAM. “Até porque sua eficácia é menor do que a de outros métodos, evitando a gravidez em apenas 75% dos casos”.
A pílula do dia seguinte pode ser usada quando, por qualquer razão, houver uma relação sem proteção. Tanto em casos de abuso sexual ou quando se imagina que o método contraceptivo não foi usado corretamente. Por exemplo, a pílula do dia seguinte pode ser utilizada em casos de ruptura do preservativo ou em falha no esquema das pílulas anticoncepcionais. “Pessoas de qualquer sexo ou idade, inclusive adolescentes, podem solicitar o contraceptivo nos postos de saúde, sem precisar de receita, exames ou maiores explicações”, assegura Ana Clara.
É importante esclarecer que a pílula do dia seguinte não é um método abortivo. “Ela atua atrasando a ovulação ou impedindo que os espermatozoides cheguem até o óvulo, evitando a fecundação”, esclarece a obstetra e ginecologista Dra. Tânia Schupp. “A pílula do dia seguinte não é capaz de interromper uma gravidez que já aconteceu e a pessoa não deve ter receios em relação a isso”, assegura a médica.
Na prática, a pílula do dia seguinte consiste numa dose concentrada de hormônios, semelhantes aos da pílula anticoncepcional, mas em quantidade maior. Ela deve ser tomada até cinco dias após a relação sexual desprotegida, embora seja mais eficiente se for usada até três dias depois. “O ideal, na verdade, é que seja usada o quanto antes. Apesar do nome, não é necessário esperar o dia seguinte para fazer uso desse recurso”, pontua a médica.
É importante lembrar que os únicos contraceptivos que protegem contra doenças sexualmente transmissíveis são os métodos de barreira, como as camisinhas masculina e feminina. Tanto os preservativos quanto as pílulas são fornecidas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde – SUS, em hospitais públicos e postos de saúde. No mesmo local, é possível pedir orientação sobre o uso e esclarecer dúvidas.
A pessoa que não conseguir receber os contraceptivos, por qualquer motivo, pode reclamar na Ouvidoria do SUS, www.ouvidoria.gov.br, ou no Disque Saúde, número 136. A ligação é gratuita e o serviço funciona 24 horas por dia, em todos os dias da semana.